GELÉIAS DE CITROS

Diversificadas em sabores, as geleias são doces de polpa ou suco que, com a mistura de açúcar e água, resultam em uma iguaria gelatinosa comumente utilizada para preservação das frutas.
França, Itália, Turquia, Espanha e Alemanha são grandes exportadores de geleias e juntos representaram 41,2% do valor total de exportações do produto em 2021, cujo mercado movimenta cerca de US$ 4 bilhões e cresce anualmente. As frutas vermelhas compõem a maioria da produção mundial.
Ainda, de origem incerta, acredita-se que as geleias chegaram às mesas das classes altas e da nobreza graças a Catarina de Bragança (1638-1705), princesa de Portugal que enviava compotas de laranjas a seu futuro marido, príncipe Charles II da Inglaterra, disseminando o interesse pelo consumo de geleia. Ou seja, os citros já destacavam como ingredientes das geleias desde seus primórdios.
Há relatos também de que o Rei da França Luís XIV (reinado de 1643 a 1715) gostava tanto das geleias produzidas com frutas presentes nos jardins do Palácio de Versailles, que insistia fossem trazidas para terminar cada refeição, exibidas em pratos de prata ornamentados e servidas com colheres de prata. Atualmente as laranjas são favoritas dos consumidores de geleia na Europa, junto do morango e do damasco.
Com uma diversidade de aromas, cores e sabores, que vai desde a acidez acentuada dos limões e das limas ácidas ao equilíbrio dos sólidos solúveis das laranjas e tangerinas, além do suco rico em vitamina C, antioxidantes, fibras naturais e pectina, as frutas dos citros são excelentes para a produção de geleias. Recentemente uma geleia produzida na capital mineira, combinando o sabor suave da laranja com especiarias, recebeu título no Prêmio Mundial de Geleias Artesanais na Inglaterra, com mais de três mil produtos provenientes de mais de 30 países.
No Brasil, o mercado de produtos sem conservantes ou componentes químicos industrializados vem se expandindo, e produtos agroindustriais como as geleias têm grande potencial de colocação no mercado cada vez mais atento à saudabilidade. Também atende ao mercado internacional, cuja exportação brasileira de geleias cresceu recentemente 60%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). Por se caracterizar por pequenas e médias propriedades, a fruticultura brasileira pode se beneficiar deste crescimento, fornecendo produtos mais naturais e diferenciados.
Assim, por ser uma oportunidade de mercado para o citricultor brasileiro, principalmente aqueles pequenos produtores, a organização da 48ª Expocitros e 44ª Semana da Citricultura traz nesta edição geleias artesanais de quatro variedades de citros, com sabores únicos e especiais. Quer saber mais sobre estas variedades?

Limão Siciliano IAC

Conhecido como limão verdadeiro para se diferenciar da lima ácida Tahiti, caracteriza-se pela alta acidez de suco, casca amarela, frutos médios a grandes (cerca de 200g) e poucas sementes. Seus frutos são amarelos na maturação, com bom rendimento de 44% do seu peso em suco, o qual demonstra ser um pouco mais ácido (5,65% a 6,02%) que o das limas ácidas Tahiti (superior a 4%). Com sabor diferenciado e acidez elevada, estes limões são muito utilizados para sucos e no tempero de saladas, pratos culinários, incluindo as geleias. Pratos da cozinha mediterrânea, por exemplo, têm sido muito valorizados pelos renomados chefes mundiais em função da qualidade e funcionalidade do limão. Outro mercado importante para o limão é a sua industrialização de suco e extração de óleo essencial da casca, produto este bastante valorizado na indústria de cosméticos.

Limão Cravo IAC

Trata-se de um híbrido resultante do cruzamento natural de uma cidra e uma tangerina. Rico em vitamina C e compostos antioxidantes, está sempre presentes no quintal e na cozinha dos brasileiros. Com uso diversificado, o limão Cravo in natura vai bem para temperar saladas e carnes, além de ser um ingrediente no preparo de bebidas. Adaptado aos diferentes climas existentes de Norte a Sul do país, onde tem nomes variados – limão-rosa, limão-cavalo, limão-francês, limão-capeta, limão-china, limão-vinagre e limão-bergamota, dependendo da região -, pode ser uma ótima opção de investimento agrícola para o pequeno produtor. É considerado um bom porta-enxerto para a produção de mudas de laranjas, tangerinas e seus híbridos além de limas e limões, em virtude de seu vigor e indução de precocidade na produção.

Laranja Pera IAC

A laranja Pera é a principal variedade de citros do Brasil por apresentar excelente qualidade para os mercados interno e externo de fruta fresca e para a industrialização. Seus frutos são os mais preferidos para a fabricação de suco cítrico concentrado congelado e também para o processamento de suco fresco pasteurizado para consumo nos mercados interno e externo. Considerada variedade de meia estação, tem como característica apresentar, além da florada principal, duas a três floradas extemporâneas por ano, com produção de frutas temporãs que auxiliam no abastecimento do mercado praticamente o ano todo. As características básicas de seus frutos são: massa de 145 gramas, 3 a 4 sementes por fruto, rendimento de 52% em suco, acidez de 0,95% e ratio 12,5.

Tangerina Fremont IAC

A variedade Fremont é resultante do cruzamento entre Clementina e Ponkan, realizado nos Estados Unidos. Apresenta plantas de porte pequeno a médio, bem adaptadas às condições climáticas do país, onde se destaca pela coloração intensa da casca e da polpa dos frutos, herdada do parental Clementina. Os frutos são pequenos a médios, firmes, e aguentam bom tempo na planta após o pico da maturação que ocorre em maio, sem perder suas características organolépticas e de qualidade, além de boa shelf life (vida de prateleira). Frutos colhidos em junho apresentaram massa de 120 gramas, ricos em suco com rendimento de 45% de seu peso, com acidez de 0,8% e ratio 14, determinando sabor intenso, agradável e doce.

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